sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Um novo olhar - inspiração Montessori


   Desde que soube que estava grávida idealizei um quarto lindo para meu filho, com decoração, berço, cômoda e detalhes que embelezariam o local e facilitariam o dia-a-dia dos cuidados com o bebê. Este quarto se tornou real, com cortina sob medida, berço majestoso e lindo, principalmente quando o Nathan estava fazendo parte dele.
   O tempo foi passando e mudanças vieram. Na nova casa, com o Nathan se locomovendo bem mais. O quarto era um local apenas para dormir, não havia local para brincar e nem tinha um espacinho para ele sentar e ficar por ali. Todo o espaço era ocupado por berço, cômoda, poltrona e guarda-roupa.
   Paralelo a isso, a preocupação do Nathan cair do berço, o calor, dificuldade de fazê-los dormir. Enfim, muitos incômodos!
   No decorrer desse tempo li muitas coisas, pesquisei, me informei sobre educação, estímulos para bebês, atividades, brincadeiras. Novas formas de pensar, novo jeito de agir. A cada texto aprendia algo, a cada leitura mudanças. E foi assim quando comecei a ler sobre Maria Montessori, uma ousada médica que iniciou suas atividades trabalhando com crianças especiais e posteriormente criou uma metodologia de ensino que valoriza a individualidade, liberdade e organização no ambiente da criança.
   Com as leituras fui transformando conceitos dentro de mim e me abrindo para um novo olhar. Olhar a criança como um ser que precisa ser compreendido e valorizado. Para isso, mudanças na casa precisariam ser feitas. Olhar a criança como indivíduo em constante aprendizado. Para isso, atividades em que ela pudesse desenvolver habilidades com alegria e entusiasmo. Olhar para a criança com um ser livre e com autonomia. Para isso, oferecer espaços adaptados onde pudesse brincar e se desenvolver.

   Novas ideias formadas, vontade de fazer e necessidade de mudar. Ingredientes necessários para transformarmos o quarto do Nathan em um espaço para ele e não para nós. Em um local onde ele gostasse de ficar, pudesse brincar e que tivesse elementos que contribuiriam para seu desenvolvimento.
   Primeiro passo, desmontar o berço. Colchão no chão para ele poder ir e vir, deitar na sua cama quando quiser, ter liberdade para se jogar em seu colchão e se levantar para me chamar quando precisar. 
  Segundo passo, brinquedos organizados ao seu alcance. Até então os brinquedos ficavam em uma caixa, onde tudo ficava jogado. O resultado é que ele só brincava com os que estavam na superfície da caixa e nem lembrava dos que estavam embaixo. Outro fator é que esta forma de guardar brinquedos não estimula a criança a ter clareza e organização com suas coisas. O que ela aprende é a jogar tudo dentro da caixa e tirar tudo quando quiser brincar. Prateleiras, estantes são ótimas para dividir os brinquedos, organizar, ensinar a criança a guardar e deixar tudo a mostra para ela.
   Terceiro passo, painel de fotos, com imagens das pessoas queridas, parentes, amigos próximos para ele lembrar, aprender os nomes. As fotos podem ser sempre trocadas e além de fotos podem ter imagens de animais, paisagens e coisas significativas para a criança.
   Quarto passo, mesinha com cadeiras para ele sentar, pintar e brincar. Trouxemos a mesa da sala para o quarto e encontramos um lugarzinho para ela.


   Quinto passo, pequenos detalhes para deixar o quarto mais aconchegante. Colocamos um tapete na frente da prateleira dos brinquedos. Alguns objetos para ele puxar na porta do guarda-roupa, tapete de E.V.A ao lado da cama e muito amor ao longo de todo o processo.
   Sexto passo, testar como vão funcionar todas essas mudanças. O resultado foi incrível! Ficamos felizes desde o primeiro momento! A mudança para a caminha no chão foi um sucesso. É só deitar ao lado dele na cama para pegar no sono. As brincadeiras também ficaram mais divertidas. O Nathan adorou ficar no quarto brincando. A casa ficou mais organizada. Nada de brinquedos e mais brinquedos jogados pela sala. Seu quarto é um sucesso total! Todos que vem visitá-lo querem ficar no quarto. Sentam na cama, brincam no chão à vontade e felizes.


   Além das mudanças no quarto, fizemos algumas adaptações na casa, como objetos que ele possa brincar em cada ambiente. Escada (ler “Minha querida escada”) para ele ter acesso a locais antes “proibidos”. Inclusão do Nathan nas atividades rotineiras da casa, como lavar a louça, lavar a roupa, arrumar a cama, organizar a casa. Tudo feito com alegria e brincadeira.
   Essas mudanças começaram em Janeiro, quando Nathan tinha 1 ano e 4 meses, e continuam até hoje. Sempre estamos pensando em novas formas de adaptar nossa casa para que o Nathan se sinta parte integral deste lar e possa participar ativamente de tudo que acontece por aqui. A felicidade dele é visível quando é incluído em algo. Tudo fica mais calmo e divertido!


   Recentemente organizamos o cantinho da música, com uma estante para colocar os instrumentos musicais dele. O legal é que ele sabe onde fica cada coisa, que os instrumentos são naquela estante, os livros na outra...
   Em breve novas mudanças... Novas ideias, necessidade de espaço, criança se desenvolvendo... A cômoda dará espaço a uma cabana e novos brinquedos farão parte do cenário. Estar atento a tudo e agir frente a isso muitas vezes impede uma ambiente com ânimos irritados e estresse, favorecendo assim ao desenvolvimento sadio da criança.
   Ao longo deste processo, fiz algumas pesquisas em blogs e sites. Segue abaixo algumas indicações:


   A criança dá a dica, mostra as mudanças, indica seus incômodos. Se estamos atentos, podemos abraçar tudo isso e ir além, proporcionando um ambiente familiar rico, interessante, alegre e estimulante para a criança.

     Comemoração do aniversário de Maria Montessori - 142 anos - 31.08.12

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Paternidade viva


   A paternidade chegou na minha vida da mesma forma que a maternidade se formou dentro de mim. De um jeito lindo, surpreendente, cheio de aprendizado e amor.
   A cada dia vejo a importância de um pai na vida de um filho e a de um filho na vida de um pai. Um marido completo, agora pai, um pai incompleto, se descobrindo a cada dia, tendo no peito a certeza de que o amor nos leva mais longe. Tão longe que hoje estou aqui, colhendo palavras, momentos e experiências dessa paternidade tão viva e intensa que vejo na nossa casa todos os dias.
   Um pai dedicado, amoroso, alegre que agita a casa e nos diverte. Um pai feliz, que não perde um minuto ao lado do seu filho, comemora cada vitória, incentiva nas dificuldades. Um pai que ama e não se cansa de se doar. Um pai que divide comigo a missão que recebemos de criar um bebê, que aos poucos está se tornando menino e em breve se tornará um homem. Um homem que terá no peito os verdadeiros valores dessa vida e a certeza de que é amado.

   Este pai, meu marido, me emociona por sua dedicação e me ensina, a cada dia, a ser mulher, amiga, esposa, mãe.

   Essa postagem é dedicada a você, meu amor, meu parceiro, com quem compartilho ideias e sentimentos e que faz da minha vida e do Nathan ser mais feliz, tornando nossa casa um verdadeiro lar de amor.

Ser pai...
Ser pai é ser sábio conselheiro
construindo valores
amigo e companheiro inseparável
herói derrotando os temores
indicando na vida os caminhos.
Ser pai é ser artista, palhaço
um menino arteiro responsável
mesmo cansado, se doa
ri e brinca, conta histórias...
Ser pai é ser participação
amor incondicional no coração
no crescimento diário dos filhos
um eterno aprendiz...

Van Albuquerque

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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Minha Querida Escada


   Há algum tempo Nathan ganhou uma escada de presente. Inicialmente seria para auxiliar na sua higienização, no sobe e desce para lavar as mãos e escovar os dentes no banheiro. Também iria ajudar na nova atividade que estava adorando fazer, observar a máquina de lavar trabalhando. E para isso tinha que colocá-lo numa cadeira toda vez que queria vê-la e tirá-lo logo após. Com a escada, ele poderia subir e descer sozinho. Menos trabalho para a mamãe e para o papai.


   A escada chegou e eu, na minha inocência, tinha certeza que seria usada somente para aqueles fins. Mas, quando ele percebeu que subindo na escada conseguia alcançar lugares que até então só podia ver de baixo e que poderia fazer coisas que ainda não conseguia por falta de tamanho, levava a escada por onde ia. Começou a acender e apagar a luz da sala, do quarto, depois foi para a pia da cozinha ver o que tinha por lá, em um outro móvel ver os remédios, chás. E mais tarde deu uma passadinha no banheiro, para ver os cremes, desodorantes e tudo mais que tinha por ali.
   Vendo tudo isso, pensei: como pude ser tão inocente em pensar que ele só iria usar a escada para escovar os dentes e ver a máquina? Então pensei: agora tenho que ficar indo atrás dele o tempo todo, pois só mexe onde não deve ou onde é perigoso. Acho que vou jogar essa escada pela janela! E depois lembrei: não dá, temos tela em todas as janelas!!! Mais tarde, pensei: a escada pode ser útil para seu desenvolvimento. E logo em seguida: ele pode participar das coisas que eu faço, me “ajudando” e assim se sentir mais incluído.
   Bem, descartando os pensamentos anteriores e me firmando neste último, comecei a utilizar a escada como minha aliada. Quando ia lavar a louça, ele trazia a escada e ficava ali, brincando com algo e às vezes até lavando uma louça comigo. Ou então, dava uma ajudinha na preparação do suco, mexia, provava e se lambuzava também.
   Ao invés de só ver a máquina, começou a me ajudar a colocar a roupa para lavar e isso se tornou uma divertida brincadeira. Primeiro escolhendo as roupas e ele dizendo de quem é, depois levando as roupas para a lavanderia. Aí, em cima da escada ele vai colocando uma a uma na máquina e dali para frente pode deixar por conta do Nathan que ele acompanha todo o andamento da lavação. Se está brincando com outra coisa e a máquina faz barulho, vai logo ver o que está acontecendo. E quando termina a operação ele fala: “aboo” (acabou).
   Além disso, aprendeu que o espelho do banheiro é para a mamãe se embelezar e tenta imitar algumas das ações, como colocar o óculos, passar desodorante, tirar a sobrancelha... Tudo com supervisão, claro!


   E com isso, a escada corre esta casa, como o Nathan corre atrás da bola. Quando menos espero ele sai e volta empurrando a escada para onde deseja ir. Percebi que este novo “bem”, de grande valor no nosso lar, contribui para o desenvolvimento do Nathan, principalmente para ele vivenciar com mais intensidade as atividades da casa, que anteriormente eram feitas somente pelos adultos, mas que agora ele está inserido e, à medida que cresce, pode contribuir também.
   Percebo ele feliz ao meu lado quando estou envolvida com esses afazeres. Sempre que o incluo em atividades que normalmente uma criança não faria, penso em ensiná-lo como pode ser prazeroso e divertido o que para muitos adultos é chato, como lavar a louça, cuidar da casa, cozinhar, arrumar, etc. Acredito que essa inclusão pode torná-lo mais participativo a medida que for crescendo e quando formar o seu lar, irá ter atitudes sem machismo, discriminação, apenas contribuindo com aquilo que ele sabe fazer e consegue fazer.
   Por que essas tarefas precisam ser chatas? Eu estou aprendendo que podem ser divertidas! Tudo isso por causa da uma escada... apenas dois degraus que levaram o Nathan a um novo mundo de descobertas, a um novo universo divertido em que ele faz o que a gente faz. Existe coisa mais empolgante do que isso para uma criança?
   Já para os adultos nem sempre é empolgante, muitas vezes é desesperador, pois esses degraus causam mais bagunça e fazem o trabalho ficar mais lento. Em contra partida, torna-se mais divertido, pois o peso da responsabilidade some frente ao que se pode compartilhar com a criança. Paciência para ensinar, amor para ensinar e tempo para aprender. Como leva tempo para aprender tudo que uma criança pode ensinar. E como leva pouco tempo para uma criança aprender o que um adulto quer ensinar. Acho que precisamos ser mais crianças e, ao invés de descer nossos degraus para encontrá-las, devemos subir os degraus que elas estão subindo e encontrá-las frente a este novo horizonte que existe através do olhar de uma criança. Um horizonte de descobertas a cada instante, de simplicidade a cada momento, diversão garantida, tédio transformado em criatividade e amor, o mais puro amor.


   Minha querida escada, nossa querida escada. Tão simples, tão normal e tão intensa. Nos levando e um nível mais elevado, possibilitando uma nova visão.

Meu horizonte
não tem limite!
Sigo em frente,
depois do horizonte,
se pegar a estrada,
fico acomodada,
não vou chegar...
Se pular a cerca,
mesmo que me perca
pra fugir do espinho,
encontro o caminho,
vou me superar.

 Ivone Boechat

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